As alterações climáticas são uma realidade cada vez mais presente na vida dos cidadãos um pouco por todo o mundo. Os tempos em que as estações do ano decorriam de forma linear e com alguma previsibilidade começam a desaparecer, dando lugar a eventos climáticos extremos.
No entanto, o ritmo a que o aquecimento global está a afetar as diferentes zonas do planeta não é uniforme. No relatório “State of the Climate in Europe 2022” – produzido pela Organização Meteorológica Mundial em conjunto com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus da União Europeia – pode ler-se que a Europa está a aquecer mais rapidamente do que qualquer outro continente, tendo o ano sido marcado pelo calor extremo, seca, incêndios florestais e degelo sem precedentes.
Na verdade, o velho continente tem aquecido o dobro da média global desde a década de 1980, situando-se, em 2022, 2,3 °C acima da média pré-industrial (1850-1900) usada como linha de base para o Acordo de Paris sobre alterações climáticas.
Países como Bélgica, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Espanha, Suíça e Reino Unido registaram o seu ano mais quente até à data, com níveis de precipitação a situarem-se abaixo da média em grande parte do continente em 2022.
A ocorrência de ondas de calor teve um impacto assinalável em termos de mortalidade, tendo-se traduzido em mais de 16.000 mortes em excesso.
O relatório avança ainda que cerca de 67% dos eventos climáticos estiveram relacionados com inundações e tempestades, totalizando prejuízos económicos de cerca de 1.8 mil milhões de euros (2 mil milhões de dólares).
O papel das renováveis
Apesar dos números assustadores, 2022 registou um passo importante da União Europeia rumo à meta de utilização de 42,5% de renováveis até 2030. Pela primeira vez, as energias renováveis ultrapassaram os combustíveis fósseis: a energia solar e eólica gerou 22,3% da eletricidade, o gás fóssil 20% e o carvão 16%.
E embora os fatores meteorológicos que impulsionam o potencial das energias renováveis demonstrem grande variabilidade sazonal, é possível tirar partido dessa mesma sazonalidade. Ao longo do ano, solar e eólica podem complementar-se, sendo a radiação solar maior no verão e a intensidade do vento superior no inverno.
[…] Os benefícios para o consumidor de fontes limpas como a energia solar ou eólica são sobejamente conhecidos, desde a eficiência energética à sustentabilidade. Não só permitem uma gestão mais controlada de consumo de energia, como evitam que milhões de toneladas de dióxido de carbono sejam emitidas para a atmosfera, atenuando assim os efeitos do aquecimento global. […]